Cai resistência à imigrantes no mundo, mas nacionalismo ganha corpo no Brasil

Na Europa e EUA, sentimento anti-imigração cai e Brasil apresenta índices abaixo da média global. Já a “importância de nascer em um determinado país” é forte em 25 dos 31 países pesquisados.

A pesquisa bianual conduzida pela Ipsos em 31 países, a “Ipsos Populism Report 2025”, revelou que embora muitos países se preocupem com a possibilidade de nativos perderem empregos por conta da presença de imigrantes no país (42%), essa crença tem estado em declínio na Europa e é baixa no Brasil – 32% no país concordam com tal afirmação. 

Já os integrantes do G7 (Canadá, França, Itália, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Japão), apresentaram um dos níveis mais baixos de percepção de que os imigrantes tiram os empregos dos nativos. Na Espanha (-8 pp) e na França (-8 pp), houve um declínio naqueles que expressam esse medo desde 2016, quando o desemprego na ocasião era muito maior.

Brasil é o terceiro país que menos acredita que a imigração deveria ser paralisada para tornar a nação mais forte: apenas 24% concordam com essa afirmação, contra uma média global de 44%. Essa taxa também é baixa nos EUA (33%), apesar de atualmente o país implementar políticas duras contra imigrantes. A pesquisa mostra que o sentimento anti-imigração vem caindo no país atualmente governado pelo republicano Donald Trump, na comparação desde 2016.

Nacionalismo ganha força 
Mas se não há uma resistência importante quanto à presença de imigrantes, o Brasil mostra alguns sinais que apontam para um fortalecimento do sentimento nacionalista, acompanhando uma tendência internacional. 

Globalmente, a “importância de nascer em um determinado país” é forte em 25 dos 31 países pesquisados. Nesse sentido, 73% dos brasileiros acreditam ser importante ter nascido no país, índice acima da média global de 64%, ficando entre os dez países com maior sentimento de orgulho com relação à nacionalidade, encabeçado por Malásia, Colômbia e Tailândia. Há seis países, porém, onde a maioria não considera isso importante: Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha, Suécia e Holanda – todos com níveis abaixo dos 50%.

Também 1 p.p. acima da média global, 86% dos respondentes no Brasil dão importância ao fato de falar o idioma português. A valorização da língua oficial é ainda mais alta na Indonésia (97%), França (94%) e Polônia (91%), e mesmo nos países com índices mais baixos nesta pergunta, como o Japão (77%), os Estados Unidos (76%) e a Índia (71%), os números são bastante expressivos. 

O Brasil se destaca ainda pelo apego dado à postura de “progredir a partir dos próprios esforços”, sendo algo valorizado por 90% dos respondentes – 8º país no ranking de 31 nações. Tratar pessoas de todas as origens igualmente também é uma característica altamente importante entre os brasileiros, que somam 91% contra apenas 7% que não acham algo importante. 

A pesquisa também mostra que 72% dos brasileiros entrevistados acham importante defender o Brasil quando o país é criticado. Nesta última pergunta a Ásia se destaca nas duas pontas, com a nações do sudeste asiático liderando entre os que mais acham importante defender o país de comentários críticos – Malásia (90%), Tailândia (89%) e Indonésia (88%); do outro lado Japão (56%) e Coreia do Sul (50%) sendo os menos preocupados com essa defesa.    

Sobre a pesquisa
A pesquisa Ipsos Populism Report 2025 entrevistou 23.228 pessoas na plataforma online Global Advisor, em 31 países, entre os dias 21 de fevereiro e 7 de março de 2025. A amostra do Brasil é de 1.000 entrevistas com margem de erro de 3,5 p.p. e representa a população mais urbana do país.

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