Desigualdade de acesso é o maior desafio da educação
A nova pesquisa “Ipsos Education Monitor”, conduzida pela Ipsos com mais de 23 mil pessoas, traz a percepção de 30 países sobre o sistema educacional. A edição 2025 mostra que não há um panorama uniforme quando se trata dos maiores desafios que a educação enfrenta entre os países.
No Brasil, os entrevistados consideram o acesso desigual à educação como o maior desafio do sistema educacional (37%). Em segundo lugar está a falta de financiamento público (34%) e em terceiro, infraestrutura inadequada (29%). Já na média global, o currículo desatualizado aparece em primeiro lugar (29%), formação inadequada de professores em segundo (27%) e, na sequência, falta de financiamento público (26%).
"O fato de 37% dos brasileiros ainda apontarem o acesso desigual como o maior desafio para a educação no país, sugere que, embora políticas como cotas, ProUni e FIES tenham sido cruciais para abrir as portas do ensino superior para milhões de pessoas, a percepção de barreiras e a desigualdade na qualidade da formação básica persistem como um problema fundamental. A questão talvez não seja mais apenas o acesso formal, mas a garantia de que todos, independentemente de sua origem, tenham as mesmas condições de competir e de permanecer em um sistema de ensino de qualidade, desde a base até a universidade. A infraestrutura inadequada das escolas e a falta de financiamento público, também citadas como grandes desafios, reforçam a ideia de que a universalização do acesso precisa ser acompanhada por uma universalização da qualidade para que a sensação de desigualdade seja de fato superada." – comenta Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.
A pesquisa também perguntou a opinião dos entrevistados sobre a qualidade geral do sistema educacional de seu país. No Brasil, quase a metade dos brasileiros, 47%, avaliam a qualidade geral do sistema educacional como ruim, com 28% dos respondentes classificando como boa e 22% nem boa nem ruim.
Singapura concentra a maior porcentagem de entrevistados com percepção positiva: 77% a consideram boa; os que a consideram nem boa nem ruim são 17% e ruim, 5%, seguida pela Irlanda, sendo os dois únicos países com avaliações positivas acima dos 70%. Na média global, 35% a consideram ruim, 34% como boa e 29% nem boa nem ruim.
Outro destaque do levantamento é o fato de que muitos esperam que o número de alunos caia nos próximos cinco anos. Em média, em 30 países, 36% acreditam que o número de estudantes nas escolas de sua região cairá no período. Esse número é maior em países com taxas de fecundidade muito baixas: 81% na Coreia do Sul e 68% no Japão. No Brasil, 37% acreditam que haverá um declínio.
Matérias preferidas e disparidade de gênero
Quando perguntados sobre disciplinas favoritas, os entrevistados responderam que História (32%), Matemática (30%) e Ciências (26%) estão entre as três mais populares, globalmente. No entanto, História e Matemática também aparecem entre as três disciplinas escolares mais impopulares (Matemática em primeiro lugar, História em terceiro). Religão ficou na segunda posição (20%).
No Brasil, História é a disciplina preferida dos alunos (36%), seguida de Ciências (29%) e Matemática (27%). No lado oposto, elencadas como não favoritas, estão Matemática (41%), Educação Física (15%) e Religião, Línguas Estrangeiras e Artes empatadas em terceiro lugar com13%.
O levantamento revela ainda uma redução da disparidade de gênero em matérias escolares favoritas. Entre os Baby Boomers, há uma clara distinção entre disciplinas que eram populares entre os meninos (Ciências, matemática) e populares entre as meninas (Língua local, Literatura). No entanto, entre as gerações mais jovens, como a Geração Z, essa disparidade diminuiu significativamente e quase desapareceu para as matérias de Ciências e Matemática – o que pode ser resultado do forte impulso das últimas décadas para que mais meninas se dediquem às disciplinas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.