Eleitorado dividido para 2026
A maioria dos brasileiros (62%) acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria se candidatar à reeleição em 2026. Ao mesmo tempo, a população se mostra cética em relação à condução da crise com os Estados Unidos: 51% discordam, total ou parcialmente, da afirmação de que o presidente fez tudo o que podia para evitar o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump.
A pesquisa ouviu 2.000 pessoas em 132 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro máxima estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
Cenário Eleitoral 2026: Desejo de renovação e sucessão indefinida
A percepção de que o presidente Lula não deveria disputar um novo mandato é majoritária em quase todos os segmentos. O dado mais expressivo, contudo, é que mesmo entre os eleitores que votaram em Lula no segundo turno de 2022, 30% compartilham dessa mesma opinião, indicando um desgaste mesmo dentro de sua base de apoio.
A oposição a uma nova candidatura de Lula é quase unânime entre os eleitores de Jair Bolsonaro (93%). Além de crescer conforme aumenta a renda do entrevistado: vai de 50% entre quem tem renda familiar de até 1 salário mínimo para 74% na faixa acima de 5 salários e ser mais acentuada entre os evangélicos do que entre os católicos (72% e 54%, respectivamente, afirmam que Lula não deveria se candidatar em 2026).
Por outro lado, exceções são registradas no Nordeste, que é única região onde a maioria (53%) defende a candidatura de Lula, enquanto nas demais, a rejeição é majoritária, chegando a 68% no Sudeste e 70% no Sul e, entre as pessoas com menor nível de escolaridade, visto que 46% apoiam a candidatura de Lula, percentual que recua para 30% entre os mais instruídos.
“A rejeição a um novo mandato para o presidente Lula, embora esperada nos segmentos de oposição, surpreende ao atingir quase um terço de seus próprios eleitores de 2022. Esse número não reflete apenas o desgaste natural do governo, mas sinaliza um desejo de renovação e a abertura de um debate sobre o futuro da centro-esquerda. A manutenção de uma base sólida de apoio no Nordeste, em contraste com a alta rejeição no Sul e Sudeste e nos estratos de maior renda, mostra que o presidente ainda mobiliza seu eleitorado histórico, mas enfrenta uma dificuldade crescente de dialogar com o restante do país.”, pondera Márcia Cavallari, diretora de Ipsos-Ipec.
Quando questionados sobre quem deveria substituir Lula caso ele não seja candidato, os resultados mostram um empate técnico na liderança entre o vice-presidente Geraldo Alckmin, com 19% das menções, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com 17%. Em patamar distante, aparecem os ministros Camilo Santana (7%) e Flávio Dino (6%). Um número expressivo de entrevistados, 34%, afirma espontaneamente que nenhum dos nomes testados deveria ser o sucessor de Lula, enquanto 17% não sabem ou não respondem, o que sinaliza uma forte incerteza e falta de consenso sobre as alternativas apresentadas.
Na base de eleitores do atual presidente, Fernando Haddad (29%) e Geraldo Alckmin (25%) são os nomes preferidos para uma eventual sucessão. Já os que apontam que nenhum dos nomes seria indicado destacam-se entre os eleitores de Bolsonaro em 2022 (54%), quem tem renda mensal familiar acima de 5 salários mínimos (43%), os que têm ensino superior, quem vive no Sudeste e os evangélicos (41%, em cada segmento).
"O cenário de sucessão, neste momento, é marcado por incertezas. O empate técnico entre Alckmin e Haddad é relevante, mas o dado principal é que mais da metade do eleitorado, somando os que rejeitam todos os nomes e os indecisos, ainda não enxerga um herdeiro natural para o capital político de Lula. Isso cria um vácuo de liderança que pode ser ocupado tanto por um nome de dentro do governo que ganhe tração, quanto por uma figura que surja de fora do espectro político atual.", pondera Márcia Cavallari, diretora de Ipsos-Ipec.
Avaliação sobre o Tarifaço: Uma nação dividida
No que diz respeito à crise diplomática e comercial com os Estados Unidos, a opinião pública brasileira está claramente dividida. Questionados se "o presidente Lula fez tudo o que podia para evitar o Tarifaço", 51% dos brasileiros discordam (38% totalmente e 13% em parte). Por outro lado, 41% concordam com a afirmação (26% totalmente e 15% em parte). Essa divisão reflete a polarização política do país.
Entre os eleitores de Lula, 72% acreditam que ele fez tudo o que podia (48% concordam totalmente e 24% em parte). Já entre os eleitores de Bolsonaro, 81% discordam dessa afirmação (67% discordam totalmente e 14% em parte). Colocando a religião em evidência, observa-se que 49% dos evangélicos discordam totalmente que Lula fez o possível, contra 32% dos católicos.
Sobre a Pesquisa
Pesquisa quantitativa realizada a partir de entrevistas domiciliares, face a face, com o objetivo de levantar a opinião dos brasileiros sobre a eleição presidencial que ocorrerá em 2026 e sobre o tarifaço imposto pelo presidente americano, Donald Trump, aos produtos brasileiros. O levantamento aconteceu entre os dias 1 e 5 de agosto de 2025, quando foram realizadas 2000 entrevistas, em 132 municípios brasileiros. A amostra foi elaborada com base em dados do Censo 2022 e PNADC 2023, com controle de cotas pelas variáveis sexo, idade, escolaridade, raça/cor e ramo de atividade. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro máxima estimada para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.