Brasileiros estão divididos quanto à rejeição a Lula e a Bolsonaro

O estudo, realizado entre 1 e 5 de agosto de 2025 com 2.000 eleitores em 132 municípios, revela que a divisão do eleitorado vai além da escolha de um candidato.

Uma nova pesquisa nacional realizada pela Ipsos-Ipec aponta um cenário de polarização persistente e uma divisão de opinião quanto à rejeição a dois dos principais líderes políticos do país, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o levantamento, 30% dos brasileiros afirmam rejeitar mais Bolsonaro, enquanto 29% dizem rejeitar mais Lula, uma diferença dentro da margem de erro de dois pontos percentuais da pesquisa.

O estudo, realizado entre 1 e 5 de agosto de 2025 com 2.000 eleitores em 132 municípios, revela que a divisão do eleitorado vai além da escolha de um candidato, refletindo-se em uma parcela significativa da população que se opõe a ambos os nomes. Cerca de 22% dos entrevistados declaram rejeitar os dois políticos igualmente, e 18% afirmam não rejeitar nenhum deles, indicando um campo aberto para alternativas na corrida presidencial de 2026.

A análise dos diferentes segmentos da população mostra que a rejeição a Lula e Bolsonaro é influenciada por recortes demográficos, regionais e religiosos bem definidos, indicando um retrato complexo das divisões do país.

•    Gênero: Apesar de não apresentar diferença estatisticamente significativa, observa-se que, enquanto os homens tendem a rejeitar mais Lula (33%), as mulheres rejeitam mais Bolsonaro (33%).
•    Escolaridade: A rejeição a Bolsonaro é mais acentuada entre os que têm ensino fundamental (37%), enquanto a rejeição a Lula é sensivelmente maior entre os que cursaram até o ensino médio (34%).
•    Renda: Nos extratos de maior renda mensal familiar (acima de 5 salários mínimos), a rejeição a Lula é a mais alta (36%), assim como a rejeição a ambos (31%). Em contrapartida, na população de baixa renda (até 1 salário mínimo), a rejeição a Bolsonaro sobe para 34%, e a de Lula cai para 22%.
•    Região: O mapa da rejeição coincide com os redutos eleitorais de 2022. O Nordeste se destaca como a região com a maior aversão a Bolsonaro (44%) e a menor a Lula (19%). No extremo oposto, apesar de não ser estatisticamente relevante, a região Sul apresenta a maior rejeição a Lula (36%) e a menor a Bolsonaro (22%).
•    Religião: A religião continua a ser um dos principais vetores da polarização. Entre os evangélicos, a rejeição a Lula atinge 40%, enquanto a de Bolsonaro é de apenas 17%. Já entre os católicos, o cenário se inverte: 38% rejeitam mais Bolsonaro, ao passo que 23% rejeitam mais Lula.

O Voto de 2022 e o sentimento atual

A pesquisa confirma que a decisão nas últimas eleições presidenciais é o principal preditor da rejeição atual. Quase dois terços dos eleitores de Lula (63%) rejeitam mais Bolsonaro, e uma proporção similar dos eleitores de Bolsonaro (65%) rejeita mais Lula.

No entanto, a maioria daqueles que votaram em branco ou nulo em 2022 (53%) rejeita os dois igualmente e somam 35% entre queles que não se lembram em quem votaram no pleito passado ou não compareceram para votar, sinalizando um contingente de eleitores críticos à atual polarização e potencialmente abertos a uma terceira via.

Márcia Cavalari, diretora da Ipsos-Ipec, destaca que a pesquisa mostra o retrato de uma polarização que se mantém cristalizada e profundamente enraizada nos recortes sociais do país. A rejeição a Lula e a Bolsonaro são consolidadas e são um espelho quase perfeito das divisões que marcaram a eleição de 2022, seja por região, renda ou religião.

Sobre a pesquisa
Pesquisa quantitativa realizada a partir de entrevistas domiciliares, face a face, com o objetivo de levantar a opinião dos brasileiros sobre a eleição presidencial que ocorrerá em 2026. O levantamento aconteceu entre os dias 1 e 5 de agosto de 2025, quando foram realizadas 2000 entrevistas, em 132 municípios brasileiros. A amostra foi elaborada com base em dados do Censo 2022 e PNADC 2023, com controle de cotas pelas variáveis sexo, idade, escolaridade, raça/cor e ramo de atividade. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro máxima estimada para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

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