Índice de Confiança do Consumidor - Março de 2025

Em março, a confiança do consumidor brasileiro segue abaixo da linha de neutralidade de 50 pontos, demonstrando que a percepção da população ainda é marcada por incertezas econômicas.

Autor(es)
  • Marcos Calliari CEO Ipsos no Brasil
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O índice permaneceu estável, com uma leve variação positiva, subindo apenas 0,2 p.p em relação a fevereiro, indo para 49,1 p.p. No comparativo com março de 2024, o Brasil teve a segunda maior queda entre os países analisados, com recuo de 7,8 p.p, atrás apenas da Índia.

O cenário reflete uma combinação de fatores que vêm pressionando o bolso dos brasileiros, como a inflação persistente, que elevou o IPCA para 1,23% em fevereiro, impulsionado principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos e combustíveis. Além disso, a decisão do Banco Central de manter juros elevados – com a taxa Selic em 14,25% – pesa sobre o consumo e os investimentos, limitando a recuperação da confiança. No campo político, a reforma tributária trouxe expectativas mistas: enquanto promete alívio fiscal para a classe média, gera dúvidas sobre sua execução e os impactos nas contas públicas, especialmente em um momento em que a popularidade do governo federal atinge um de seus níveis mais baixos.

Em outros mercados, os Estados Unidos registraram queda de 1,3 p.p, caindo para 54 pontos, mas ainda superior ao Brasil. A desaceleração da confiança pode estar relacionada às novas políticas protecionistas do governo Trump, que implementou tarifas sobre importações estratégicas, elevando custos para consumidores e empresas. 

Já na Argentina, o impacto foi muito mais severo: a confiança despencou de 52 para 48,1 pontos, um tombo de 3,9 p.p, colocando o país atrás até mesmo do Brasil. O movimento reflete a turbulência causada pelo escândalo envolvendo o presidente Javier Milei e um esquema fraudulento ligado a criptomoedas, que derrubou a credibilidade do governo. Investigações revelaram que plataformas associadas a aliados de Milei teriam promovido promessas de rendimentos irreais, atraindo milhares de investidores que, agora, enfrentam prejuízos milionários. A crise minou a já frágil estabilidade econômica argentina, levando o peso a novas mínimas e ampliando a desconfiança do consumidor.

Por outro lado, a França se destacou positivamente, registrando um crescimento de 2,6 pontos. A melhora pode ser atribuída à desaceleração da inflação no país no último mês, impulsionando uma visão mais otimista dos consumidores. O caso francês mostra como a estabilidade econômica e a previsibilidade política são fatores determinantes para a confiança – um cenário que ainda parece distante para o Brasil e seus vizinhos latino-americanos.

Autor(es)
  • Marcos Calliari CEO Ipsos no Brasil

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