Criminalidade segue como a principal preocupação
No Brasil, a criminalidade segue como a principal preocupação, mencionada por 40% dos entrevistados, mesmo com uma leve queda de um ponto percentual em relação ao mês anterior.
O número ainda elevado reflete não apenas o impacto contínuo da violência urbana nas grandes cidades, mas também a percepção de impunidade e a cobertura frequente de crimes de grande repercussão, em especial dos golpes online e roubos de celular. É um tema que se mantém no topo porque, para boa parte da população, a insegurança deixou de ser exceção e virou parte da rotina.
A corrupção financeira e política segue em segundo lugar, com 37% das menções. Ainda que o dado não tenha oscilado, ele se sustenta em um nível alto, o que revela uma desconfiança estrutural do brasileiro em relação às instituições e à gestão pública. Os desdobramentos da fraude no INSS, que voltaram ao noticiário com novas investigações no início do mês, mantêm o tema em evidência e alimentam a sensação de que os desvios estão entranhados na máquina pública.
Empatada em segundo lugar com a corrupção, também com 37%, aparece a saúde, com leve alta (+1 p.p.), impulsionada por dois fatores sazonais: a chegada do inverno e o aumento de internações por doenças respiratórias, especialmente em estados como São Paulo e Paraná, onde hospitais públicos enfrentaram superlotação nas primeiras semanas de junho.
A desigualdade social (33%) se manteve estável, evidenciando uma percepção contínua de que as diferenças entre classes não só persistem como se aprofundam — mesmo diante de programas de transferência de renda.
Já a inflação caiu para 31% (-2 p.p.), mas continua sendo um tema sensível. Apesar da desaceleração dos preços de alimentos e combustíveis, o alívio ainda não se reflete plenamente no bolso da população, especialmente nas periferias urbanas.
No cenário internacional, a pesquisa também registra movimentos relevantes. Na Argentina, a preocupação com o desemprego deu um salto de seis pontos percentuais, acompanhando o aumento da taxa de desocupação divulgado no início de junho. As políticas de ajuste fiscal do governo Milei, que incluem corte de subsídios e demissões em massa no setor público, têm provocado forte tensão social e se refletem nos dados da pesquisa.
Nos Estados Unidos, a inflação segue como a principal preocupação, mencionada por 43%, um aumento discreto de 1 ponto. Embora a alta dos preços tenha desacelerado, o custo de vida continua pressionando famílias de classe média e baixa, sobretudo com os novos reajustes em serviços básicos e habitação em estados-chave como Califórnia e Nova York. Já a Corrupção Politica segue um tema sensível também nos EUA, ocupando o segundo lugar entre as apreensões dos norte-americanos, que saíram às ruas nas últimas semanas em uma série de protestos contra politicas do governo de Donald Trump.
Olhando o rumo do país, um dos destaques negativos é Israel: 74% da população israelense acredita que o país está no rumo errado, refletindo o acúmulo de tensões internas, especialmente as críticas à condução da guerra em Gaza, os protestos contra o governo Netanyahu e o sentimento de instabilidade crônica que dominou o início de junho.
No Brasil, o índice de insatisfação com os rumos do país permanece elevado, mas sem alterações, com os mesmos 63% do mês anterior que acreditam que o país está no caminho errado — uma estabilidade que, na prática, mostra a dificuldade do governo em reverter a percepção de desalento e falta de direção.