Metade dos brasileiros conhece os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Nova pesquisa de opinião pública realizada pela Ipsos-Ipec, na qual foram entrevistadas 2.000 pessoas em 132 municípios de todo o país entre 4 e 8 de setembro de 2025, revela um cenário de estagnação no conhecimento da população brasileira sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Dez anos após o lançamento da Agenda 2030, quase metade dos brasileiros (48%) afirma ter algum nível de conhecimento sobre o tema, um índice que se mantém estável em comparação com a primeira medição, realizada em 2017. Desses, 2% dizem ter "bastante conhecimento sobre o assunto", 10% têm “algum conhecimento” e 36% conhecem só de ouvir falar. Somam 52% os que admitem nunca ter ouvido falar dos ODS.
O estudo aponta ainda que as percepções da população estão ancoradas em questões de sobrevivência e bem-estar cotidiano. Quando questionados sobre quais ODS trariam mais benefícios para o Brasil, os mais citados foram "Garantir saúde e bem-estar" e "Acabar com a pobreza" (com 33% de menções, cada um) e "Garantir educação de qualidade" (29%). Essa tríade também lidera a percepção de benefícios para as cidades e a disposição da população em colaborar para promover avanços no município onde mora.
"Os dados mostram que os ODSs de maior destaque estão diretamente relacionados com antigos problemas do país e com as desigualdades brasileiras.”, afirma Patricia Pavanelli, diretora da Ipsos-Ipec. "Para que a agenda avance, é fundamental melhorar a conscientização sobre a importância da Agenda 2030 e sua intersecção com gestores públicos e líderes da sociedade civil, que devem atuar como pontes, traduzindo a importância transversal dos ODS para uma linguagem acessível, que se conecte com o dia a dia das pessoas e demonstre como esses objetivos, juntos, podem melhorar a qualidade de vida de todos."
Aumento da responsabilidade atribuída ao governo
A responsabilidade atribuída ao Poder Público na implementação dos ODSs (Governo Federal, Estadual e Prefeituras) salta de 69% em 2017 para 76% agora, em 2025. Em contrapartida, a percepção de que a responsabilidade é da Sociedade Civil Organizada (ONGs, órgãos internacionais, investidores sociais) recua 7 pontos percentuais, passando de 25% para 18%.
Individualmente, 55% da população aponta o Governo Federal como o principal ator para liderar a implementação dos ODS no Brasil, 49% o governo do Estado e 32% a prefeitura.
Análise dos 5 Pilares (5Ps): o grupo “Pessoas” prepondera entre brasileiros
A pesquisa organizou os 17 ODSs nos cinco pilares da Agenda 2030: Pessoas, Prosperidade, Planeta, Paz e Parceria. Essa análise revela uma hierarquia clara na população brasileira, com um destaque para a dimensão social e de sobrevivência.
O grupo temático que representa o pilar "Pessoas", a dimensão humana dos agrupamentos, inclui ODS como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e educação, é considerado o mais relevante para os brasileiros. Os dados são expressivos: 80% dos entrevistados acreditam que os ODS deste grupo trariam mais benefícios para sua cidade; 70% afirmam que eles trariam mais benefícios para o Brasil e 63% estariam dispostos a colaborar para promover avanços nesses objetivos em seus municípios. Dentro deste grupo, o ODS "Garantir saúde e bem-estar" é o principal motor dessa percepção, reforçando que as necessidades básicas e imediatas de qualidade de vida são a preocupação central.
A perspectiva da COP30
Com a proximidade da COP30 em Belém, os dados foram analisados sob um novo filtro temático, agrupando os ODSs diretamente ligados à sustentabilidade ambiental e climática. Embora isoladamente esses objetivos não figurem no topo do ranking geral, a análise consolidada mostra sua relevância: cerca de metade da população (48%) acredita que esse conjunto de ações traria benefícios para o Brasil, e 45% estariam dispostos a colaborar para promovê-los em seus municípios.
“O estudo aponta para a necessidade de ampliar o conhecimento sobre a interseccionalidade dos ODS no Brasil. A estagnação no conhecimento e o foco em necessidades básicas indicam que a relevância da Agenda 2030 ainda não foi plenamente compreendida pela maioria. Ao mesmo tempo, a crescente expectativa sobre a responsabilidade do Poder Público sinaliza uma demanda da população para que os governos liderem e acelerem a implementação desses objetivos cruciais para um futuro mais justo e sustentável”, analisa Patricia Pavanelli.
Sobre a Pesquisa
A pesquisa é uma realização do Instituto Cidades Sustentáveis, realizada pela Ipsos-Ipec, elaborada com o objetivo de identificar a percepção da população brasileira acerca dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
O estudo tem abrangência nacional, foi realizado entre os dias 4 e 8 de setembro. A amostra é proporcional e representativa da população brasileira com 16 anos ou mais, elaborada com base no Censo 2022 e PNADC 2023 com cotas amostrais pelas variáveis sexo, idade, escolaridade, raça/cor e ramo de atividade. Foram realizadas 2000 entrevistas, em 132 municípios. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro para o total da amostra é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Realizada no âmbito do Programa Cidades Sustentáveis, a pesquisa conta com o cofinanciamento da União Europeia, como parte do “Programa de fortalecimento da sociedade civil e dos governos locais para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”. O projeto tem como parceiros institucionais a Frente Nacional dos Prefeitos e Prefeitas (FNP) e a Estratégia ODS.
Sobre o Forum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades
O Instituto Cidades Sustentáveis realizou nos dias 15 e 16 de outubro, em Brasília, o Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, evento pré-COP30 para promover uma série de debates sobre o papel dos municípios no enfrentamento das mudanças climáticas e das desigualdades socioeconômicas no país.
O Fórum é uma iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis, no âmbito do Programa Cidades Sustentáveis, realizada em parceria com a Caixa, a Fundação Grupo Volkswagen e a Fundação Feac. O cofinanciamento é da União Europeia, como parte do “Programa de fortalecimento da sociedade civil e dos governos locais para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.
Os parceiros institucionais são o Tribunal de Contas da União (TUC), a ONU Habitat, a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), a Associação Brasileira de Municípios, a Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Cnods), a Secretaria-Geral da República e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Sobre a Ipsos-Ipec
A Ipsos anunciou no fim de fevereiro a aquisição do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), um dos principais players em pesquisa de opinião pública e política no Brasil.
Fundado em 2021 por executivos do IBOPE Inteligência, o Ipec é reconhecido por sua expertise em pesquisas de opinião e análises políticas, por meio de estudos qualitativos e quantitativos, tanto online quanto offline. A empresa também realiza estudos de consumo nas áreas de marca, comunicação e produtos. Possui capacidades únicas, principalmente quando se trata de projetos de alta complexidade que precisam representar adequadamente as diversas perspectivas da grande e variada população brasileira. Ipsos-Ipec é a área de pesquisas de opinião pública da Ipsos no Brasil.
Sobre o Instituto Cidades Sustentáveis
O Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) é uma organização da sociedade civil criada em 2007, com o objetivo de fortalecer as instituições públicas e a democracia, bem como promover o debate sobre o enfrentamento das mudanças climáticas. Produzem conteúdos, metodologias e ferramentas de apoio à gestão pública municipal e ao desenvolvimento de projetos em rede, utilizando como base indicadores de desempenho nas diversas áreas de atuação da administração pública.
A atuação do ICS envolve também a articulação, mobilização e sensibilização de gestores públicos municipais para a implementação de políticas públicas que promovam a melhoria da qualidade de vida da população em seus variados aspectos. Esse trabalho é desenvolvido em duas frentes: a Rede Nossa São Paulo, com foco na capital paulista; e o Programa Cidades Sustentáveis, de âmbito nacional, voltado para todos os municípios brasileiros.