Oito em cada dez brasileiros desaprovam os atos de 08/01 em Brasília
70% dos entrevistados também indicaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem responsabilidade pelos fatos
81% da população brasileira não aprova os atos ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília, que levaram à depredação da sede dos três poderes. É o que indica uma pesquisa realizada pela Ipsos nas cinco regiões do país. Apenas 18% dos participantes responderam que aprovam o ato e 1% não soube responder.
“Embora os resultados totais indiquem que a grande maioria da população desaprova os eventos do dia 8 em Brasília, com menos de um quinto (18%) aprovando aqueles atos, identificamos que entre os eleitores de Bolsonaro este número dobra: 37% aprovam, ainda que em parte. E, se somarmos a estes os que desaprovam apenas em parte, temos que apenas 48% dos que votaram em Bolsonaro desaprovam o que ocorreu em Brasília neste domingo”, comenta Helio Gastaldi, diretor de pesquisas de opinião pública e reputação corporativa na Ipsos.
Responsáveis
O levantamento também questionou os entrevistados sobre quem seriam os responsáveis pelos protestos. Para 70% da população, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem responsabilidade pelos fatos. O ex-presidente aparece logo atrás do governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, citado por 71% como um dos responsáveis pelos atos.
Por outro lado, 39% dos participantes indicaram uma parcela de responsabilidade para o atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) foi apontado por 48% dos respondentes.
Ainda com relação à responsabilidade sobre os atos, 53% dos entrevistados acreditam que todos os que estiveram presentes na manifestação devem ser punidos. 41% afirmam que somente os que comprovadamente cometeram alguma violência e depredação devem receber alguma punição. Outros 41% também afirmam que uma punição deve ser dada à Polícia Federal do DF, pela condução das ações frente aos atos. Já para 40%, o ex-Presidente, Jair Bolsonaro, também deve ser responsabilizado. Foram ainda citados o ex-secretário de segurança do DF, Anderson Torres (39%), e o governado do DF, Ibaneis Rocha (38%). Apenas 2% dos entrevistados acreditam que ninguém deva ser punido e 4% disseram não ter opinião a respeito.
Em ambas as questões, os entrevistados poderiam indicar mais de uma resposta, por isso a soma dos resultados é superior a 100%.
“Aqui é importante analisar os resultados não apenas pelos totais, mas também discriminando as opiniões dentre quem votou em Lula e quem votou em Bolsonaro. Eles nos evidenciam um cenário de absoluta polarização, e com visões distintas sobre o que aconteceu em Brasília no dia 8. Para os eleitores de Bolsonaro, a responsabilidade pelos atos é do presidente Lula, do STF e do TSE, e não do ex-presidente Jair Bolsonaro, nem da PM do DF, nem do governador do DF.”, comenta Gastaldi.
Ainda segundo Gastaldi, 69% dos eleitores de Bolsonaro acreditam ter havido alguma forma de fraude nas eleições, o que explicaria o fato de não aceitarem o resultado das urnas e sua motivação para os protestos.
Afastamento do governador do DF
O afastamento do governador Ibaneis Rocha pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, também foi tema da pesquisa. 67% dos entrevistados afirmaram que concordam com a decisão de afastá-lo. Já 20% das pessoas afirmaram que discordam da medida. 9% não tem opinião formada sobre o assunto e outros 4% não souberam responder.
Perspectivas de novos atos
Sete em cada dez brasileiros (70%) demonstraram preocupação com a possibilidade de novos atos do tipo ocorrerem no país, enquanto 23% das pessoas não acreditam que eventos do tipo podem acontecer novamente e 7% não souberam responder.
Futuro do Brasil
Por fim, a pesquisa questionou aos participantes sobre quais são os principais sentimentos em relação ao futuro do país. 61% dos entrevistados responderam que enxergam o futuro com preocupação. Vergonha (36%), medo (34%), otimismo (33%) e revolta (24%) também foram opções mencionadas pelos brasileiros. Nesta questão, os entrevistados também poderiam indicar mais de uma resposta, por isso a soma dos resultados é superior a 100%.
Sobre a pesquisa
A Ipsos entrevistou, de forma on-line pela plataforma Ipsos.Digital, 600 pessoas maiores de 18 anos, em uma amostra nacional das cinco regiões do país (sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste), no dia 10 de janeiro de 2023. A margem de erro é de 4 pontos percentuais.
Confira a pesquisa completa, no link abaixo.