Orçamento de férias dos portugueses sobe 5%
Apesar da preocupação com a inflação, os portugueses planeiam gastar mais nas férias do que o ano passado. Continuam a privilegiar as férias em família e na praia e comprometem-se a não descurar hábitos sustentáveis durante o período de descanso.
O orçamento médio dos portugueses para as férias de verão deste ano é de 1624€, um aumento de 5% face a 2022. É a maior subida dos últimos cinco anos. Apesar do reforço da disponibilidade financeira para as férias, o orçamento luso fica abaixo da média europeia, que se situa nos 1918€.
Este resultado faz parte da 22.ª edição do barómetro anual de férias de verão da Europ Assistance, realizado em parceria com a Ipsos. O barómetro traça um retrato dos planos de férias e preferências de viagens dos consumidores nos EUA, Canadá, Malásia, Austrália e vários países da Europa.
O mesmo estudo revela que os portugueses encontram-se entre os mais dispostos a viajar (78%), apesar das preocupações com a inflação. De resto, Portugal é o país europeu que mais receia o aumento do custo de vida (84%). O mesmo receio é partilhado com outros países do sul da Europa, como França (77%), Espanha (73%) e Itália (75%), e Polónia (76%).
Quais são as preocupações adicionais dos portugueses para as férias? Ser assaltado/perder algo importante (65%), falta de dinheiro (63%) e ficar doente durante a viagem ou estadia (63%) são os três receios mais indicados. Em sintonia com a conjuntura que se vive, as razões económicas suplantam os efeitos da Covid-19 na lista de preocupações. Em comparação com os resultados de 2022, desce a preocupação com a ocorrência de um surto epidémico (-12pp) e ficar em quarentena no estrangeiro (-8pp).
Entusiasmados, mas com plano ajustado ao contexto inflacionário
À semelhança da última edição do barómetro, Portugal lidera o ranking dos países que manifestam maior entusiasmo com a possibilidade de viajar este ano (83%). Este sentimento é acompanhado por um desejo superior à média europeia de antecipar o quanto antes a reserva das férias (PT: 33% vs. média da Europa: 27%).
Os portugueses não abrem mão de quase duas semanas de descanso e lazer, mas vão adaptar os seus planos ao contexto económico mais exigente. Por exemplo, quase metade dos inquiridos (46%) diz que vai optar por um alojamento mais barato. Outras estratégias de contenção orçamental passam por reduzir o número de destinos de férias (41%) e procurar promoções especiais de última hora (40%).
A escolha do destino de férias merece, por parte dos inquiridos portugueses, cuidado redobrado. Quando viajam, procuram evitar duas coisas: países onde se sentem menos seguros (76%) e lugares apinhados de gente (76%). Também favorecem a proximidade do destino (72%) na momento de fazer as malas.
Se em 2022 cerca de metade dos portugueses (54%) considerava gozar férias cá dentro, este ano a preferência por terras lusas cai para 47%. Este recuo coloca a intenção de passar férias em Portugal nos valores pré-pandemia. Em contrapartida, as paragens internacionais continuam a ganhar destaque. Um pouco mais de metade (54%) dos que consideram passar férias além-fronteiras elege como destinos favoritos Espanha (23%), França (11%) e Itália (11%) — os nossos países vizinhos. Tal como na última edição do barómetro, Portugal continua a integrar o top 3 de países preferidos para passar férias de espanhóis e franceses.
Fiéis ao litoral
Mar e banhos de sol durante as férias pertencem ao imaginário coletivo dos portugueses. Fiéis à tradição, a maioria (59%) continua a eleger a praia como paragem obrigatória para recarregar baterias. Porém, o magnetismo das cidades exerce cada vez mais atração sob os lusos (39%). De facto, Portugal é o país europeu onde se verifica o aumento mais acentuado da preferência por áreas urbanas (+8pp).
E que meio de transporte vão usar para rumar até ao tão almejado destino de férias? Dependendo do local, a escolha recai sobre o transporte mais conveniente para lá chegar. Assim, este ano, quase metade dos inquiridos (48%) deverá subir a bordo de um avião para partir de férias, uma subida 7 pontos percentuais. Ainda que relegado para o segundo lugar na lista de meios de transporte, o carro continua a ser a escolha preferida de 46% dos portugueses.
Mais família, menos workation
Os portugueses optam por ir de férias em família, seja apenas com o cônjuge/companheiro (68%) ou filhos (43%). Levar os netos a banhos também é uma hipótese para 7% dos inquiridos. Já o descanso com amigos cai 5 pontos percentuais face a 2022.
Em relação ao alojamento, a maioria opta por unidades hoteleiras (43%), seguindo-se o aluguer de uma casa ou apartamento (31%). Sinal dos tempos, as opções mais em conta, como ficar na casa de um amigo ou familiar (25%) e hospedagens bed & breakfast (21%), mantêm os mesmo valores de 2022.
Quando pensam nas férias de sonho, quer os portugueses, quer os espanhóis idealizam um tempo propício para o descanso (PT: 63% e ES: 60%) e descoberta de novas culturas (PT: 57% e ES: 54%). Além disso, quatro em cada dez portugueses aspiram usar este período para passar mais tempo com a família e amigos.
No entanto, quando questionados sobre as atividades a que se vão efetivamente dedicar, o realismo prevalece. Apenas 44% declaram que vão ter oportunidade para relaxar, 36% de passar tempo com a família e só 32% admitem conhecer novas culturas.
O estudo dá conta que o workation — um modelo laboral flexível que surgiu durante a pandemia e que permite ao colaborador tirar férias enquanto continua a trabalhar — está a ganhar terreno na Europa. Quase três em cada dez europeus tencionam trabalhar a partir do seu local de férias este verão, um aumento de 4 pontos percentuais em relação a 2022 (28% vs. 24%). E os portugueses? Também se assiste por cá a um esbatimento dos limites entre trabalho e férias? Os dados parecem indicar que não. Este ano são menos os que vão ligar o portátil para trabalhar durante as férias (33%, -6pp vs. 2022). Entre os que levam trabalho para o período de descanso, 39% planeiam chegar mais cedo ao destino para despachar compromissos laborais.
Defesa da sustentabilidade não tira férias
Portugal é o país europeu mais empenhado (93%) em adotar novos hábitos sustentáveis para diminuir o impacto ambiental, económico e social das viagens de férias. Da lista de dez hábitos apresentados pelo estudo, os portugueses pontuam acima de 70% em nove. Entre os hábitos amigos da sustentabilidade que contam pôr em prática destacam-se a adoção de comportamentos que promovam o uso de recursos locais (94%), a redução da quantidade de resíduos no país de destino (93%) e o apoio à economia local (93%).
Sobre a Europ Assistance Fundada em 1963, a Europ Assistance foi pioneira nos serviços de assistência, apoiando os seus clientes em mais de 200 países e territórios através de uma rede de 750.000 parceiros e 41 filiais e sucursais. A Europ Assistance presta serviços de assistência rodoviária, assistência e seguros de viagem e serviços de assistência pessoal, tais como apoio a idosos, proteção da identidade digital, telemedicina e serviços de concierge. A visão dos seus 10.000 colaboradores é ser a empresa de assistência mais confiável do mundo. |
Ficha técnica
A edição de 2023 do Holiday Barometer da Europ Assistance foi realizada, em parceria com a Ipsos, em 15 países: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Itália, França, Espanha, Suíça, Alemanha, Áustria, Portugal, Bélgica, Polónia, República Checa, Malásia e Austrália. Em cada país, 1.000 consumidores com mais de 18 anos responderam a um questionário online. O estudo foi realizado entre 20 de março e 7 de abril e focou-se nos planos de férias e preferências de viagens dos consumidores.
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