Dia Internacional da Felicidade: Portugal é o segundo país europeu mais feliz
Quase oito em cada dez portugueses declaram-se felizes ou muito felizes, segundo estudo da Ipsos que traça um retrato da felicidade em 32 países, incluindo Portugal. Pelo segundo ano consecutivo, a felicidade mundial aumentou. Arábia Saudita, Países Baixos, Índia e Brasil são os países que registam níveis de felicidade mais altos.
Com 79%, Portugal é o segundo país europeu mais feliz. Os Países Baixos ocupam o topo da lista na Europa (85%). A par dos Países Baixos, Arábia Saudita (86%) e Índia (84%) são os países que apresentam percentagens mais altas de pessoas que se consideram felizes. Em termos globais, quase três em cada quatro (73%) indivíduos dos 32 países do estudo descrevem-se como felizes.
O mesmo estudo dá conta que a felicidade mundial aumentou pelo segundo ano consecutivo. Os níveis globais de felicidade aumentaram seis pontos em relação aos resultados de há um ano e 10 pontos face a agosto de 2020, alguns meses depois da pandemia ter posto em suspenso a vida de milhões de pessoas. Apesar deste aumento generalizado, há diferenças regionais assinaláveis: enquanto a proporção de pessoas felizes aumentou de forma acentuada na América Latina, muitos países ocidentais registaram um decréscimo significativo, como por exemplo o Reino Unido (-13 pontos percentuais).
Em média, a felicidade em países com rendimentos médios teve um aumento mais pronunciado do que em países com rendimentos altos. De facto, pela primeira vez desde que em 2011 a Ipsos começou a acompanhar e a avaliar esta variável, o nível médio de felicidade nos países de rendimentos médios ultrapassou o dos países mais ricos.
Em relação aos diferentes aspetos da sua vida, as pessoas tendem a estar mais satisfeitas com os seus relacionamentos — filhos, cônjuges, parentes, amigos, colegas de trabalho e com a natureza — e com áreas relacionadas com o conhecimento, em especial o nível de escolaridade e o acesso à informação. Em média, os inquiridos estão mais insatisfeitos com a situação económica, política ou social do seu país, as finanças pessoais, a vida romântica ou sexual e atividade física.
As respostas dos inquiridos portugueses encaixam no padrão global de satisfação: tendemos a estar mais satisfeitos com os nossos filhos (98%); em estar em contacto com a natureza (92%) e com o nosso nível de escolaridade (90%). Em sentido contrário, mostramo-nos menos satisfeitos com a situação económica (12%), social e política do país (21%).
O estudo revela os dez fatores que mais contribuem para a felicidade global: sentir-me amado, as condições de vida, a perceção de controlo, sentir que a vida tem sentido, a saúde mental e bem-estar, os bens materiais, a vida social, o sentir-me valorizado, o estatuto social e a situação financeira pessoal. Deste conjunto de fatores, o sentir-se amado é o único com que as pessoas estão muito satisfeitas. Apesar do impacto elevado que pode ter na felicidade individual, os inquiridos estão pouco satisfeitos com as suas finanças.
Uma porção considerável de inquiridos indica que não tem uma rede de apoio (no que respeita a ter amigos ou parentes a quem recorrer para obter ajuda, Portugal está acima da média global, com 79%). Quatro em cada dez inquiridos (39%) dizem que viveram recentemente um acontecimento angustiante. Essa percentagem é apenas de 24% entre os portugueses. De resto, a geração Z, Millennials, mulheres e indivíduos com rendimentos mais baixos são os grupos que têm vivido mais vezes situações complicadas.
Embora o estudo identifique uma tendência global de felicidade, paira no ar o pessimismo sobre o futuro dos relacionamentos. O pessimismo é mais prevalente entre os Baby Boomers, os GenXers, os menos instruídos e abastados, adultos solteiros e, de modo geral, entre os indivíduos que vivem em países com rendimentos altos.
Felicidade: um retrato global
Quais são os países mais felizes?
Em média, nos 32 países do estudo, 73% dos indivíduos declaram-se felizes ou muito felizes. Os inquiridos da Arábia Saudita (86%), Países Baixos (85%), Índia (84%) e Brasil (83%) apresentam os maiores níveis de felicidade, enquanto Hungria ( 50%), Coreia do Sul (57%) e Polónia (58%) encontram-se no polo oposto.
O aumento do nível global de felicidade é impulsionado pelos países latino-americanos, muitos dos quais mostram subidas notáveis em relação ao ano passado, como por exemplo a Colômbia (+26 pontos percentuais), a Argentina (+26), o Brasil (+20) e o Peru (+18). Em contramão estão vários países ocidentais. As quedas mais acentuadas verificam-se na Grã-Bretanha (-13 pontos percentuais), na Polónia (-7), na França (-7), no Canadá (-6), na Bélgica (-5), na Alemanha (-5) e no ex-campeão da felicidade, a Austrália (-5).
Com que aspetos da sua vida as pessoas estão satisfeitas?
Se os relacionamentos com seus amigos e familiares deixam as pessoas satisfeitas, a situação económica e política dos seus países são aspetos que tendem a preocupá-las.
De uma lista de aspetos relacionados com a vida dos inquiridos, cinco dos seis primeiros que apresentam os maiores níveis de satisfação dizem respeito aos relacionamentos:
- Filhos (se forem pais): 85%
- Relação com parceiro/cônjuge (se tiver): 84%
- Ter acesso/estar em contato com a natureza: 80%
- Nível de escolaridade: 80%
- Relação com parentes: 78%
- Amigos: 78%
Já os cinco aspetos com que os inquiridos revelam estar menos satisfeitos são:
- Situação social e política do país: 40%
- Situação económica do país: 40%
- Finanças pessoais: 57%
- Vida romântica/sexual: 63%
- Fazer exercício físico/praticar atividades físicas: 65%
As dimensões de vida com as quais os inquiridos estão mais satisfeitos tendem a variar em função do nível de desenvolvimento económico do seu país. Os habitantes de países de rendimentos mais altos tendem a estar mais satisfeitos com sua segurança e proteção pessoal, bens materiais e condições de vida do que os de países de rendimentos mais modestos. Por sua vez, estes tendem a estar mais satisfeitos com a sua vida espiritual, saúde física e aparência.
O que faz as pessoas felizes?
O estudo também mediu a relação entre o nível geral de felicidade relatado pelos participantes e o nível de satisfação com 30 aspetos da sua vida quotidiana. Essa medição ajudou a ordenar os aspetos em termos do seu impacto relativo na felicidade global. A análise revela que os cinco principais impulsionadores da felicidade são o sentido atribuído à própria vida, a perceção de controlo, a saúde mental e bem-estar, a vida social e as condições de vida. Da lista dos 30 aspetos, a satisfação com os filhos apresenta o menor impacto na felicidade.
Situações difíceis e acesso a redes de apoio
Embora a família e os amigos estejam entre as fontes mais comuns de felicidade, um em cada cinco inquiridos carece de uma rede de pessoas com quem possa contar em situações difíceis.
- Os inquiridos do Japão (54%), Brasil (58%) e Coreia do Sul (61%) são os menos propensos a dizer que têm redes de apoio, enquanto os dos Países Baixos (82%), Indonésia (79%) e Portugal (79%) são os que mais relatam ter pessoas que os podem ajudar.
- Os inquiridos com rendimentos baixos, menos instruídos, solteiros e da Geração Z também são menos propensos a dizer que têm acesso a redes de apoio em comparação com os inquiridos mais abastados, mais educados, casados e mais velhos.
Apesar de um número alarmante de pessoas em todo o mundo estar privada de redes de apoio, em média, 39% dos inquiridos em todo o mundo admitem que viveram recentemente um acontecimento perturbador ou angustiante que os impediu de se sentirem bem. Millennials, Geração Z e inquiridos de rendimentos mais baixos também têm maior probabilidade de dizer que passaram por situações difíceis recentemente, em comparação com inquiridos mais velhos e ricos.
As dificuldades relacionais dos solteiros
Os resultados deste estudo destacam a importância dos amigos e da família para a satisfação das pessoas com as suas vidas. Porém, da mesma forma que muitas pessoas não possuem nenhum desses tipos de relacionamentos, há também muitas que sentem que será mais complicado encontrá-los ou mantê-los. Cerca de 40% dos inquiridos acreditam que será mais difícil os solteiros encontrarem um parceiro romântico, fazer novas amizades e manter relações felizes. Esse pessimismo manifesta-se mais entre os Baby Boomers, a Geração X, mulheres, solteiros com baixos rendimentos ou desempregados.
Ficha técnica
Resultados de um inquérito Ipsos a 32 países, realizado entre 22 de dezembro e 6 de janeiro de 2023 através da plataforma online Ipsos Global Advisor. Amostra constituída por 22.508 indivíduos entre os 18 e os 74 anos nos Estados Unidos, Canadá, Malásia, África do Sul e Turquia; 20 e 74 na Tailândia; 21 a 74 na Indonésia e Singapura; e 16 a 74 nos restantes 24 países.